Avaliação das aprendizagens | Novas perspetivas
A tecnologia ao serviço da avaliação
Agosto 27, 2020
A avaliação é uma componente essencial do processo educativo. É também uma das maiores preocupações dos docentes, que procuram assegurar a equidade e transparência de todo o processo. Ao longo do 3.º período do ano letivo transato foi, aliás, uma das questões mais prementes, apontada por professores, alunos e pais, dado o ensino a distância e a necessidade de avaliar os alunos, com recurso à tecnologia.
Será a tecnologia uma aliada neste processo?
O relatório apresentado pelo Jisc, e que conta com a colaboração de especialistas de renome na área da educação e da avaliação, aponta cinco objetivos que deveremos alcançar até 2025.
O Biblio Tubers disponibiliza o documento na íntegra, mas apresenta aqui essas cinco metas de forma resumida.
Introdução
A avaliação faz parte de qualquer processo em que nos envolvamos, desde a compra de uma peça de vestuário, até à escolha de um prato no restaurante. É essa avaliação (a roupa fica-me bem? O prato é bom? A relação qualidade preço é ajustada?) que me leva a aprender e a tomar as decisões mais acertadas, da próxima vez que tiver de voltar a escolher uma peça de vestuário ou o prato num restaurante.
Essa capacidade de tomar decisões acertadas é fundamental e assegura a qualidade de todo o processo, o que se torna especialmente importante se aplicada à educação.
A tecnologia tem vindo a assumir uma importância crescente no domínio da avaliação, podendo assegurar rapidez, adequação e equidade.
Nesse sentido, o relatório aqui apresentado aponta para a importância da tecnologia que pode estar ao serviço de uma avaliação que deve ter em conta cinco princípios:
1. Autenticidade
Assegurar que a avaliação prepara os estudantes para o que vão fazer e, por isso, deve ser contextualizada e mais realista, tendo em conta as competências que se pretendem desenvolver nos alunos.
Desta forma, para além de se preparar o aluno para desenvolver múltiplas competências, levamo-lo a integrar os seus conhecimentos e capacidades, promovendo uma aprendizagem mais efetiva e integradora.
Exemplos: Criação de páginas web, de perfis online, produção de vídeos, utilização dos media.
Desta forma, podemos avaliar todo o processo de aprendizagem e não apenas o produto, para além de prepararmos os nossos estudantes para o mundo do trabalho, que é cada vez mais digital.
2. Acessibilidade
A avaliação deve ser inclusiva, isto é deve estar acessível a todos, nomeadamente aos alunos com necessidades educativas.
Nesse sentido, a avaliação deve beneficiar todos os alunos, permitindo-lhes produzir o melhor trabalho possível, tendo em conta as capacidades de cada um. O facto de podermos utilizar a tecnologia esbate estas diferenças que se tornam mais evidentes em testes escritos.
Exemplos: Tirar partido das funcionalidades inclusivas da tecnologia (mudar o tamanho, cor, tipo de letra); permitir a utilização de voz ou a transformação da voz em texto e vice-versa.
3. Automatização
A tarefa avaliativa deve ser facilitada para que os professores possam dar feedback aos seus alunos de forma mais rápida, detalhada e eficaz.
A tecnologia pode ajudar a automatizar alguns aspetos da avaliação, nomeadamente na atribuição da pontuação e no feedback.
Exemplos: Utilização de testes de escolha múltipla online. Tirar partido de algumas funcionalidades da tecnologia como o corretor ortográfico.
Já existem alguns softwares (EUA) que comparam trabalhos de alunos e "dão feedback" (ACJ - Adaptive comparative judgment).
4. Continuidade
A avaliação deve criar a oportunidade de melhoria contínua do estudante, preparando-o para a aprendizagem ao longo da vida e para uma adaptação constante à evolução que vivemos, sobretudo no mundo do trabalho.
Nesse sentido, é fundamental que os estudantes desenvolvam competências como a autonomia e a capacidade de aprender a aprender.
Assim, a avaliação deve ter um cariz formativo, para que o aluno se aperceba das suas fragilidades e possa melhorar de forma contínua.
Exemplos: Tirar partido das potencialidades da inteligência artificial para adequar os momentos de avaliação a cada um dos alunos; facultar momentos em que os alunos mostrem evidências do que aprenderam.
5. Confiabilidade
Assegurar que a avaliação é a adequada ao aluno e que o trabalho que é submetido por ele foi de facto feito por si.
A integridade académica é um aspeto a ter em conta, pelo que o desenho de um momento avaliativo é fundamental, devendo ter em conta a adequação das tarefas avaliativas e a personalização ao aluno, ao contexto e à situação de aprendizagem.
Exemplos: Para evitar fraudes, a tecnologia pode ajudar com dados biométricos, como o reconhecimento da impressão digital ou do rosto.
Conclusão
Para que o setor da avaliação inove, é necessário tirar partido das imensas oportunidades que o digital oferece. Só assim a avaliação poderá ser relevante e alinhada com as necessidades do mundo atual. Para isso, é fundamental que as instituições académicas melhorem as infraestruturas para que a tecnologia seja utilizada de forma efetiva e apropriada.