Pensamos a escola como sistema aberto, capaz de refletir a sociedade e de responder aos desafios contemporâneos. Acreditamos no poder da partilha e das redes.
Pensamos a escola como sistema aberto, capaz de refletir a sociedade e de responder aos desafios contemporâneos. Acreditamos no poder da partilha e das redes.
Ferramenta digital para planificação de intervenções pedagógicas estruturadas
Março 08, 2025
Esta aplicação web gratuita foi desenvolvida pelos bibliotubers para ajudar professores e equipas educativas a criarem planos de ação completos para a promoção da leitura e escrita no contexto escolar. Através de um processo passo a passo, a ferramenta guia o utilizador na elaboração de um documento estruturado, conforme as orientações pedagógicas atuais.
Porquê utilizar esta ferramenta?
Processo guiado - Acompanha o utilizador desde o diagnóstico inicial até à monitorização final
Sugestões práticas - Oferece exemplos concretos em cada etapa do plano
Estrutura integrada - Permite vincular problemas, objetivos e ações de forma coerente
Facilidade de utilização - Interface intuitiva com instruções claras para todos os níveis de experiência digital
Exportação simples - Transfere o plano completo para o seu computador em formato texto
Sem requisitos técnicos - Funciona diretamente no navegador, sem necessidade de instalação ou registo
Ideal para professores, coordenadores pedagógicos, professores bibliotecários e qualquer profissional envolvido em projetos de promoção da leitura e escrita. A aplicação ajuda a transformar ideias e diagnósticos em planos de ação concretos, mensuráveis e eficazes.
Experimente e simplifique o processo de planeamento das suas intervenções pedagógicas na área da leitura e escrita!
Dando contuidade à publicação de artigos sobre a necessidade de redesenhar a Biblioteca Escolar, o Biblio Tubers debruça-se, agora, sobre os desafios criados pela pandemia COVID-19 e o confinamento das populações.
As bibliotecas escolares, hoje. Que desafios?
Os desafios que apresentámos no artigo A Biblioteca Escolar impõe-se! mantêm-se atuais e reforçam a necessidade de apostar nos 4C:
1. Conectividade, para ligar os utilizadores ao mundo,
2. Colaboração formal e informal,
3. Criação de conhecimento, e
4. Comunidade, pois a interação entre pessoas é fundamental para a aprendizagem que é, de facto, uma atividade social.
A premência de uma mudança imposta a todas as áreas da nossa sociedade mostra que o caminho que preconizámos para as bibliotecas era uma urgência que, agora, fruto do caos criado pela pandemia, se converteu num imperativo.
As bibliotecas estão numa encruzilhada! Continuam a fazer o mesmo? Ou aproveitam o caos para encontrar a ordem?
E, se dúvidas havia, veio a confirmar-se que a vertente digital da biblioteca, quase sempre esquecida ou até inexistente, é fundamental. É primordial!
Mas não basta mudar do analógico para o digital. É necessário mostrar o valor da biblioteca, inovando, criando conteúdos e assumindo o papel de provedores de informação confiável e segura. Para isso, as bibliotecas devem centrar-se nos utilizadores e implicar-se na aprendizagem. Só assim o valor das bibliotecas se impõe.
Retomando o artigo que deu origem a esta problemática, relembramos a filosofia que defendemos para a biblioteca escolar.
Uma Biblioteca que se impõe é aquela em que o acesso à informação é cada vez mais digital, rápido, fácil e userfriendly. Que permite o trabalho individual, colaborativo e com o apoio de mediadores. Que serve a comunidade em que está inserida. Que favorece:
- a inovação. - a comunicação. - o acesso a novas formas de pensar, de ensinar e de aprender.
Nesse sentido, o valor da biblioteca, e de qualquer organismo educativo, é cada vez mais criado horizontalmente, através de a quem nos ligamos e com quem trabalhamos (OCDE).
Para esta mudança de paradigma, o Biblio Tubers acredita que os passos mais importantes a dar são dois.
Por um lado, criar, ou reforçar a identidade digital de cada biblioteca escolar, pois só assim percebem onde se situam, em relação às respostas que devem dar às comunidades que servem. O que implica definirem metas para o que querem alcançar.
"Não esqueçamos que a missão da biblioteca é a de estar presente onde e quando o utilizador necessita, disponibilizando recursos e permitindo conexões e redes de partilha consentâneas com o ADN do organismo que servem." (inO ADN de uma Biblioteca).
Por outro lado, implementar um processo sistemático de curadoria que vise disponibilizar conteúdos de qualidade para ensinar e aprender e assegurar o acesso persistente a dados digitais confiáveis, através da melhoria da qualidade desses dados, do seu contexto de pesquisa e da verificação de autenticidade.
Vejamos cada um destes passos com mais detalhe.
1. A identidade digital da biblioteca escolar
O conceito de identidade digital promove o questionamento conducente a práticas de autoavaliação e consequente melhoria. Nesse sentido, aconselha-se a que cada biblioteca responda a cada uma das vertentes enunciadas na definição abaixo. Este exercício deve ser feito de forma regular, para nortear a ação da biblioteca.
Vejamos o conceito:
“Conjunto de canais (plataformas digitais) que uma biblioteca gere e atualiza regularmente para, de forma interessada e organizada, partilhar uma multiplicidade de informação, conteúdos, recursos e serviços - online e/ ou offline - nas comunidades que serve, nomeadamente professores e alunos, com o fim último de melhorar o ensino e a aprendizagem, em todas as suas vertentes”. (J. Borges, 2018).
E agora as questões de fundo a que as bibliotecas devem responder:
Que canais tem a biblioteca?
Qual a periodicidade com que os atualiza?
Qual o critério para a partilha de informação e de conteúdos?
Qual a especificidade dos serviços que presta?
O que a distingue das outras bibliotecas?
Como contribui para melhorar o ensino e a aprendizagem?
Não podemos esquecer que a biblioteca deve criar e fazer parte de redes de aprendizagem mais amplas, no sentido de se manter atualizada. Para isso deve:
Explorar os interesses e as necessidades da sua comunidade;
Estar a par da investigação que é feita nas áreas de interesse em que atua;
Estar conectada a outras bibliotecas e instituições da área.
É assim que se criam redes de aprendizagem e é em rede que a identidade digital de cada biblioteca se fortalece e dissemina.
2. A curadoria de conteúdos
O grande desafio dos profissionais das bibliotecas é saber encontrar, filtrar, acrescentar valor e disseminar os conteúdos que respondem às necessidades da comunidade que servem.
Curadoria é o processo através do qual selecionamos, analisamos, filtramos, organizamos e partilhamos informação relevante e que nos chega de diferentes fontes.
Nesse sentido, as etapas a seguir para proceder à curadoria de conteúdos são três:
1. Ler / consultar a informação em todo o tipo de canais (blogues, media, redes sociais, podcasts, vídeos,...)
2. Editorializar, isto é:
Fazer anotações,
Selecionar citações,
Resumir,
Ligar a outros trabalhos/ artigos/ páginas/...
3. Partilhar
Blogue ou página web,
Media,
Redes sociais.
Servir a comunidade. Que serviços?
Os serviços que as bibliotecas prestam são fundamentais, devendo caracterizar-se pela fiabilidade, rapidez de resposta e personalização.
Os serviços que o Biblio Tubers defende adequam-se ao paradigma digital.
Se não vejamos:
Solicitar apoio com especialistas.
Ter acesso a sessões de literacia online.
Reservar salas para trabalho de grupo online com o apoio de um tutor se necessário e o acesso a recursos como: vídeoconferência, fórum de discussão, partilha de documentos, criação de documentos colaborativos.
Requisitar micro aulas temáticas.
Requisitar micro sessões para utilização de ferramentas, recursos da biblioteca, desenho de unidades didáticas para apoiar os docentes no ensino a distância.
Requisitar portáteis, tablets, câmaras, colunas, headphones, microfone, tripés... que, no contexto atual poderão ser entregues em casa, a partir dos meios que cada escola terá definido.
Ter acesso a recursos abertos, organizados por áreas temáticas e facilmente recuperados através de palavras chaves ou grande categorias.
Ter acesso a um repositório com resumos da matéria em formato áudio (podcasts) ou vídeo.
Contar com o serviço de help desk .
Nota: O serviço de help desk tem como funções acolher, informar, formar e orientar. Deve responder sempre que possível em tempo real, disponibilizando para isso os seguintes recursos que permitem a interação com o utilizador:
Bibliotecas improváveis no Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide
Março 10, 2020
Inspirada pelo artigo Reconfigurar a Biblioteca Escolar, a equipa da Biblioteca do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide abriu as portas da biblioteca, deixou os livros sair e espera por alunos, professores, assistentes técnicos e operacionais, pais e E.E., comunidade em geral… nas suas bibliotecas improváveis:
A tenda da leitura, a mala dos sonhos, a árvore literária e o baú dos tesouros.
Mercadinho da leitura no Agrupamento de Escolas de Sardoal
Fevereiro 16, 2020
Na sequência do artigo Reconfigurar a Biblioteca Escolar, têm surgido várias iniciativas que mostram a vontade de mudar e implementar um novo paradigma, através da criação de bibliotecas móveis.
Este ano, a equipa da Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Sardoal comprometeu-se a chegar mais perto da sua comunidade e decidiu tirar a biblioteca do seu espaço fechado e alargá-la com uma “Biblioteca fora de Portas”.
Criou-se um Mercadinho da Leitura junto da sala do aluno, no espaço polivalente da escola, disponibilizando livros, álbuns de banda desenhada e revistas, para serem lidos e consultados livremente e serem requisitados simplesmente através de um QRcode, caso queiram levar leituras até casa.
Em breve, teremos, também, umas pequenas bancas nos três pavilhões que compõem a escola para uso durante os intervalos mais pequenos.
Esperamos assim proporcionar a crianças e adultos momentos agradáveis de leitura e informação, durante a ocupação de tempos livres.
O Mercadinho da Leitura na voz de Jacqueline Almeida, professora bibliotecária do Agrupamento de Escolas de Sardoal.
***
A Beatriz Soares, aluna do 10.ºA, deu-nos a sua opinião e sugestão quanto ao Mercadinho da Leitura da Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Sardoal, que passou a estar disponível junto da sala do aluno no polivalente da escola, onde todos têm acesso a livros e revistas. E agora também poderão consultar jornais, como nos foi sugerido.
Obrigada, Beatriz. Aguardamos mais opiniões e sugestões para estarmos mais perto de quem quer ler. A Professora Bibliotecária Jacqueline Almeida
A avaliação do programa Biblioteca Criativa, na Galiza
Dezembro 22, 2019
O programa Biblioteca Criativa, com três anos de existência apresenta no artigo abaixo transcrito os avanços, as dificuldades, os erros e as reflexões resultantes da avaliação deste programa que envolveu 79 bibliotecas escolares. Na origem do projeto esteve a necessidade de transformar as bibliotecas escolares para acolherem todo o tipo de atividades que pudessem interessar a alunos, professores e famílias. Pretendeu-se melhorar a comunicação e a expressão oral, o raciocínio lógico, a criatividade, o trabalho colaborativo, a investigação, a aprendizagem manipulativa e o jogo.
O Biblio Tubers tem vindo a publicar artigos nesta área, pelo que o presente relatório se reveste de interesse, apresentando-se, de seguida, os aspetos mais relevantes:
1. Os espaços criados nas bibliotecas (para além dos espaços interiores, foram também criados espaços exteriores, fixos e/ou amovíveis) pretendem reconfigurá-la, levando-a para além do trabalho quase exclusivo com a leitura e criando novos espaços mais consentâneos com as necessidades pedagógicas que pretendem servir contextos capazes de desenvolver competências chave.
Rádio
Espaço criativo
Criação audio-visual
Laboratório
Cozinha
Teatro
Música
Atelier
2. Os materiais adquiridos para os novos espaços permitiram enriquecer as coleções com múltiplos recursos e ferramentas que, acompanhando os livros, ampliam a sua possibilidade de utilização e interação.
Robótica
Impressão 3D
Ecrãs multitácteis
Tablets
Equipamento audiovisual
Equipamento rádio
Materiais artísticos
Materiais de laboratório
Mobiliário específico
3. Formação e acompanhamento que se revelaram fundamentais para a implicação da comunidade. De realçar que a comunidade educativa incluiu não só os alunos e professores, mas também a família e o projeto contou com o apoio de inúmeros parceiros.
4.O impacto positivo do programa para alunos e professores
Os novos recursos despertaram a curiosidade dos alunos, o que permitiu introduzi-los em novas dinâmicas de aprendizagem
Os professores incorporaram estes recursos na sua prática diária
A aceitação por parte da comunidade educativa de que a biblioteca vai para além da leitura e do silêncio
A inclusão progressiva nas tarefas da aula das inúmeras possibilidades oferecidas pela biblioteca
Os recursos e o espaço permitem levar a cabo aprendizagens com grande protagonismo e motivação dos alunos
A participação no espaço criativo da biblioteca traduz-se em colaboração e trabalho em grupo
A igualdade de oportunidades
Os professores desenvolvem novas competências
A presença em todos os espaços das escolas
O apoio ao currículo através das competências que se promovem
A ligação com o trabalho por projetos
O trabalho colaborativo e entre níveis de ensino
Como nota de conclusão, o Biblio Tubers realça a importância atribuida pela equipa coordenadora do programa à avaliação e à criação de estudos e investigações sobre o impacto deste espaço nas aprendizagens.
O mesmo repto se deixa aqui às bibliotecas portuguesas.
As bibliotecas gañan espazos. Avaliar para aprender
“O máis importante non é o feito de avaliar, nin sequera o xeito de facelo, senón ao servizo de quen se fai”.
Entrando xa no cuarto ano de desenvolvemento do programa “Biblioteca Creativa”, considerouse necesaria unha avaliación que permitise coñecer o momento no que se está e as múltiples iniciativas que en cada centro se están a desenvolver ao abeiro do programa. O encontro previsto para o mes de outubro constituíu un contexto ideal para compartir os avances, tamén as dificultades, os logros e as reflexións que están a xurdir.
Referências: As bibliotecas gañan espazos. Avaliar para aprender | Eduga. (2019). Edu.xunta.gal. Retrieved 22 December 2019, from http://www.edu.xunta.gal/eduga/1832/biblioteca-escolar/bibliotecas-ganan-espazos-avaliar-para-aprender
Uma biblioteca de ADN representa todos os genes de um organismo.
Esta definição aplica-se a diferentes organizações, sendo até usual ouvir falar do ADN da empresa A ou da empresa B. A razão é clara! Este ADN representa a especificidade de cada entidade, o que a distingue de todas as outras e que lhe atribui valor acrescentado. Quanto mais conhecermos o ADN da nossa organização, mais valor lhe atribuímos... em notoriedade, reconhecimento, singularidade.
O agrupamento de escolas, enquanto organismo vivo, que se cria e recria na comunidade em que está inserido, tem também um ADN muito próprio. Cabe aos responsáveis identificar e decompor este ADN, isto é conhecer a "coleção de fragmentos" que o constituem, para se poder trabalhar a partir dele, com ele e para ele. Em suma, cada escola deve conhecer muito bem a comunidade que serve.
Se extrapolarmos esta noção para a sociedade em que vivemos, percebemos que esta notoriedade só se alcança através da presença no mundo digital, fruto da rede de contactos que potencializa e maximiza uma presença que se quer cada vez mais impactante no "organismo" que serve.
As bibliotecas escolares são exemplo deste organismo que vive e se alimenta da e na Web.
Quanto maior for a presença digital de uma biblioteca, maior é a sua notoriedade.
Quando se fala de presença digital, devemos enquadrar esta noção no conceito de identidade digital:
“Conjunto de canais (plataformas digitais) que uma biblioteca gere e atualiza regularmente para, de forma interessada e organizada, partilhar uma multiplicidade de informação, conteúdos, recursos e serviços - online e/ ou offline - nas comunidades que serve, nomeadamente professores e alunos, com o fim último de melhorar o ensino e a aprendizagem, em todas as suas vertentes”. (J. Borges, 2018).
Todos nós, individual ou coletivamente, somos a identidade digital que criamos, pelo que se torna fundamental levar as bibliotecas a, partindo da especificidade do seu ADN, procurar a sua identidade digital.
Só assim percebem onde se situam, em relação às respostas que devem dar às comunidades que servem, para definirem a meta que querem alcançar. Não esqueçamos que a missão da biblioteca é a de estar presente onde e quando o utilizador necessita, disponibilizando recursos e permitindo conexões e redes de partilha consentâneas com o ADN do organismo que servem.
Uma última nota para a necessidade de ir avaliando inputs e outputs, pois a escola é um organismo vivo que está em constante mutação e a biblioteca não se pode alhear deste facto, procurando encontrar respostas tão criativas e inovadoras quanto as exigências que enfrenta.
Biblioteca móvel na Escola Secundária de Ponte de Sor
Outubro 31, 2019
Na sequência do artigo Reconfigurar a Biblioteca Escolar, têm surgido várias iniciativas que mostram a vontade de mudar e implementar um novo paradigma, através da criação de bibliotecas móveis.
O exemplo que o Biblio Tubers aqui apresenta chega-nos de Ponte de Sor, com a criação de uma “Banca da Leitura” que disponibiliza livros, BDs, revistas, jornais… Esta banca desloca-se pelo amplo corredor central da escola, criando espaços informais e descontraídos de leitura.
Foi construída com a ajuda dos alunos da Unidade de Ensino Especial, que pintaram caixas de cores alegres e que chamam até si alunos, professores, funcionários e até visitantes que por ali passam.
No sentido de divulgar e dinamizar a biblioteca móvel, serão dinamizados momentos de leitura e pequenos concursos. Também se simplificou o procedimento de empréstimo para facilitar a leitura.
Com a esta “banca” a Biblioteca Escolar pretende aumentar os hábitos de leitura e desenvolver uma cultura de saber na escola.
A Biblioteca Móvel na voz de Alzira Martins, professora bibliotecária do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor.
O Biblio Tubers apresenta a crónica "Queridos, mudei a biblioteca!", do Fónix Lab, pois apresenta pistas muito interessantes para mudar o paradigma das bibliotecas e, desta forma, povoar a escola com aquilo a que chamam de bibliotecas móveis.
Oiça o podcast e leia a crónica na íntegra. O Biblio Tubers disponibiliza, ainda, um pequeno cartaz e um exemplo de formulário, que poderá usar na sua biblioteca.
As imagens reproduzidas são do livro A Menina dos Livrosde Sam Winston e Oliver Jeffers
Pode aceder ao formulário através do QR Code na imagem, ou aqui.
Podcast:
Leia a crónica na íntegra:
Queridos, mudei a biblioteca!
Invariavelmente, os jantares de fim de semana com amigos, muitos deles professores, levam-nos a conversar sobre a escola. Desta vez, fruto de um encontro internacional que está a decorrer no nosso país, o tema foi a leitura e a discussão acabou por centrar-se nas bibliotecas.
Se não vejamos:
1º As bibliotecas públicas estão vazias.
2.º As bibliotecas escolares padecem do mal do século: apesar dos recursos que disponibilizam, a sua utilização e correspondente impacto nas aprendizagens fica muito aquém daquilo que seria expectável.
3º Os alunos só vão à biblioteca quando participam em atividades que aí decorrem.
4º Os professores fogem da biblioteca e do professor bibliotecário porque pensam que vão ter mais trabalho e, sobretudo, porque não existe uma cultura de biblioteca.
5º As boas práticas, em que os alunos têm autonomia para "estar e fazer a biblioteca", mostram um aumento significativo do número de utilizadores e um impacto positivo nos hábitos de leitura.
6º As bibliotecas, um pouco por todo o mundo, estão a (re)configurar-se e (re)adaptar-se a este novo mundo.
Perante estes seis factos, concretos e tão evidentes, valerá a pena continuar a insitir?Já Einstein dizia: "Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes".
Sabemos que as bibliotecas não têm dinheiro, têm poucos recursos humanos, mas tal como na nossa casa, quando uma coisa não está bem, mudamo-la de lugar... e porque não aplicar o conceito "Querido, mudei a casa..." às bibliotecas?
E como sabemos que os nossos irreverentes leitores gostam de pistas... aqui ficam sete:
1º Selecione livros que tenha repetidos, revistas, álbuns de banda desenhada, por exemplo, e coloque-os em "recipientes" o mais bizarros possível (caixotes de madeira, cadeiras, caixas de sapatos, paletes, caixas de cartão, pode ir mais longe e pedir num supermercado um carrinho de compras, ...).
2º Selecione um ou vários lugares estratégicos na sua escola, por onde passem muitos alunos e professores e instale aí a sua biblioteca móvel. Junte-lhe umas almofadas velhas, uns sofás, ou cadeiras e acrescente informação visual sugestiva.
3º Não se aflija com a necessidade de registar empréstimos. Para ir habituando e, assim, educando os leitores, deixe um código QR para um formulário de empréstimo muito simples (nome do leitor, do autor e do livro... nada de cotas, caro leitor!) ou um pequeno dossier, com este registo em formato papel, onde o leitor poderá registar o livro que levou.
4º Se vir que os leitores não "povoam" o espaço, arranje voluntários a horas estratégicas para que se torne hábito ver ali pessoas a ler ou a conversar, em torno da leitura.
5º Não seja formal no prazo de entrega do livro, nem na forma como esta será feita. Permita que o leitor deixe o livro na biblioteca sem qualquer formalidade.
6º À medida que o projeto for evoluindo, crie momentos de verdadeira partilha de leituras: sugestões de livros, registos de leituras favoritas, criação de pequenos podcasts, ou comentários escritos...
Peça, por exemplo, à direção da sua escola, um quadro, ou até um espaço em vidro ou em acrílico, onde os leitores, de forma livre e autónoma, possam fazer registos espontâneos sobre a leitura.
7º Crie pequenos concursos: o leitor mais assíduo na biblioteca móvel; o leitor mais criativo nos registos escritos; o leitor mais opinativo (aquele que dá mais sugestões de livros, de locais para ampliar a biblioteca)...
São sete pistas de mudança que poderão catapultar a biblioteca para a escola, na verdadeira aceção da palavra. E com este "Queridos, mudei a biblioteca!" estaremos a caminhar para mudanças verdadeiramente significativas, na forma de ver, de aceder e de construir conhecimento. E, desta forma, daremos corpo àquela que é a missão da escola.
PS. Se o Velho do Restelo da sua escola vos assustar com possíveis desaparecimentos e / ou danificação de livros, ou ainda com o excesso de autonomia / liberdade dada aos alunos para se expressarem livremente nos locais das bibliotecas móveis, lembrem-Lhe que a missão da escola é formar os alunos. Esta autonomia é um ato de cidadania e uma oportunidade para os alunos se assumirem enquanto cidadãos.
A literacia mediática, a rede de aprendizagem e a curadoria de conteúdos estão intimamente ligadas. São competências essenciais do professor e de qualquer profissional do século XXI que se quer manter atualizado, num mundo em mudança acelerada.
Se um professor não tem a capacidade de se autoformar, de aprender, quem a terá?
Hoje mais importante do que aquilo que se sabe quando se tira uma licenciatura ou qualquer outro título académico é a capacidade de continuar a aprender. Esta é uma exigência da sociedade atual.
É, por isso, fundamental que os professores sejam capazes de se autoformar ao longo da vida, só assim podem formar alunos com essa mesma capacidade.
A Escola deve ensinar com os Media e para os Media, com a Web. Ou não aprendessemos nós 70% do que sabemos em redes informais. A missão da Escola mantém-se e reforça-se: transformar a informação em conhecimento. É uma oportunidade para aproximar os alunos da escola, e esta da sociedade, favorecendo aquele que deve ser o novo papel do professor.
O professor já só está sozinho na sala de aula se quiser.
É o tempo da biblioteca escolar sair de portas, alargar o seu âmbito e entrar na sala de aula, assumindo-se como o centro difusor do saber na Escola e na comunidade educativa. Desta forma promoverá uma cultura do saber na Escola. Como fazê-lo?
Estas foram algumas das ideias apresentadas e desenvolvidas nesta comunicação.
Os planos de autonomia e flexibilidade curricular valorizam o papel da Escola na construção de novos perfis e novas competências dos alunos. Nesse sentido os documentos orientadores de cada escola devem focar-se não só na vertente organizacional, mas também na vertente do aprender e do ensinar. Só assim se melhorará a qualidade das aprendizagens.
Nesta apresentação, são apresentadas as diferentes áreas da flexibilidade curricular e são apontadas pistas para um trabalho de verdadeira articulação com a Biblioteca Escolar.
Apresentação feita nos Colóquios da Neve, na Covilhã, em 23 de novembro de 2018.