As Bibliotecas Escolares na encruzilhada...
...do analógico ao digital
Março 28, 2020
Dando contuidade à publicação de artigos sobre a necessidade de redesenhar a Biblioteca Escolar, o Biblio Tubers debruça-se, agora, sobre os desafios criados pela pandemia COVID-19 e o confinamento das populações.
As bibliotecas escolares, hoje. Que desafios?
Os desafios que apresentámos no artigo A Biblioteca Escolar impõe-se! mantêm-se atuais e reforçam a necessidade de apostar nos 4C:
1. Conectividade, para ligar os utilizadores ao mundo,
2. Colaboração formal e informal,
3. Criação de conhecimento, e
4. Comunidade, pois a interação entre pessoas é fundamental para a aprendizagem que é, de facto, uma atividade social.
A premência de uma mudança imposta a todas as áreas da nossa sociedade mostra que o caminho que preconizámos para as bibliotecas era uma urgência que, agora, fruto do caos criado pela pandemia, se converteu num imperativo.
As bibliotecas estão numa encruzilhada! Continuam a fazer o mesmo? Ou aproveitam o caos para encontrar a ordem?
E, se dúvidas havia, veio a confirmar-se que a vertente digital da biblioteca, quase sempre esquecida ou até inexistente, é fundamental. É primordial!
Mas não basta mudar do analógico para o digital. É necessário mostrar o valor da biblioteca, inovando, criando conteúdos e assumindo o papel de provedores de informação confiável e segura. Para isso, as bibliotecas devem centrar-se nos utilizadores e implicar-se na aprendizagem. Só assim o valor das bibliotecas se impõe.
Retomando o artigo que deu origem a esta problemática, relembramos a filosofia que defendemos para a biblioteca escolar.
Uma Biblioteca que se impõe é aquela em que o acesso à informação é cada vez mais digital, rápido, fácil e user friendly. Que permite o trabalho individual, colaborativo e com o apoio de mediadores. Que serve a comunidade em que está inserida. Que favorece:
- a inovação.
- a comunicação.
- o acesso a novas formas de pensar, de ensinar e de aprender.
Do analógico ao digital. Como?
A biblioteca tem de acompanhar os grandes desafios dos sistemas educativos, ajudando a encontrar respostas para:
- O que aprendemos,
- Como aprendemos,
- Onde aprendemos,
- Quando aprendemos.
Nesse sentido, o valor da biblioteca, e de qualquer organismo educativo, é cada vez mais criado horizontalmente, através de a quem nos ligamos e com quem trabalhamos (OCDE).
Para esta mudança de paradigma, o Biblio Tubers acredita que os passos mais importantes a dar são dois.
Por um lado, criar, ou reforçar a identidade digital de cada biblioteca escolar, pois só assim percebem onde se situam, em relação às respostas que devem dar às comunidades que servem. O que implica definirem metas para o que querem alcançar.
"Não esqueçamos que a missão da biblioteca é a de estar presente onde e quando o utilizador necessita, disponibilizando recursos e permitindo conexões e redes de partilha consentâneas com o ADN do organismo que servem." (in O ADN de uma Biblioteca).
Por outro lado, implementar um processo sistemático de curadoria que vise disponibilizar conteúdos de qualidade para ensinar e aprender e assegurar o acesso persistente a dados digitais confiáveis, através da melhoria da qualidade desses dados, do seu contexto de pesquisa e da verificação de autenticidade.
Vejamos cada um destes passos com mais detalhe.
1. A identidade digital da biblioteca escolar
O conceito de identidade digital promove o questionamento conducente a práticas de autoavaliação e consequente melhoria. Nesse sentido, aconselha-se a que cada biblioteca responda a cada uma das vertentes enunciadas na definição abaixo. Este exercício deve ser feito de forma regular, para nortear a ação da biblioteca.
Vejamos o conceito:
“Conjunto de canais (plataformas digitais) que uma biblioteca gere e atualiza regularmente para, de forma interessada e organizada, partilhar uma multiplicidade de informação, conteúdos, recursos e serviços - online e/ ou offline - nas comunidades que serve, nomeadamente professores e alunos, com o fim último de melhorar o ensino e a aprendizagem, em todas as suas vertentes”. (J. Borges, 2018).
E agora as questões de fundo a que as bibliotecas devem responder:
- Que canais tem a biblioteca?
- Qual a periodicidade com que os atualiza?
- Qual o critério para a partilha de informação e de conteúdos?
- Qual a especificidade dos serviços que presta?
- O que a distingue das outras bibliotecas?
- Como contribui para melhorar o ensino e a aprendizagem?
Não podemos esquecer que a biblioteca deve criar e fazer parte de redes de aprendizagem mais amplas, no sentido de se manter atualizada. Para isso deve:
- Explorar os interesses e as necessidades da sua comunidade;
- Estar a par da investigação que é feita nas áreas de interesse em que atua;
- Estar conectada a outras bibliotecas e instituições da área.
É assim que se criam redes de aprendizagem e é em rede que a identidade digital de cada biblioteca se fortalece e dissemina.
2. A curadoria de conteúdos
O grande desafio dos profissionais das bibliotecas é saber encontrar, filtrar, acrescentar valor e disseminar os conteúdos que respondem às necessidades da comunidade que servem.
Curadoria é o processo através do qual selecionamos, analisamos, filtramos, organizamos e partilhamos informação relevante e que nos chega de diferentes fontes.
Nesse sentido, as etapas a seguir para proceder à curadoria de conteúdos são três:
1. Ler / consultar a informação em todo o tipo de canais (blogues, media, redes sociais, podcasts, vídeos,...)
2. Editorializar, isto é:
- Fazer anotações,
- Selecionar citações,
- Resumir,
- Ligar a outros trabalhos/ artigos/ páginas/...
3. Partilhar
- Blogue ou página web,
- Media,
- Redes sociais.
Servir a comunidade. Que serviços?
Os serviços que as bibliotecas prestam são fundamentais, devendo caracterizar-se pela fiabilidade, rapidez de resposta e personalização.
Os serviços que o Biblio Tubers defende adequam-se ao paradigma digital.
Se não vejamos:
- Solicitar apoio com especialistas.
- Ter acesso a sessões de literacia online.
- Reservar salas para trabalho de grupo online com o apoio de um tutor se necessário e o acesso a recursos como: vídeoconferência, fórum de discussão, partilha de documentos, criação de documentos colaborativos.
- Requisitar micro aulas temáticas.
- Requisitar micro sessões para utilização de ferramentas, recursos da biblioteca, desenho de unidades didáticas para apoiar os docentes no ensino a distância.
- Requisitar portáteis, tablets, câmaras, colunas, headphones, microfone, tripés... que, no contexto atual poderão ser entregues em casa, a partir dos meios que cada escola terá definido.
- Ter acesso a recursos abertos, organizados por áreas temáticas e facilmente recuperados através de palavras chaves ou grande categorias.
- Ter acesso a um repositório com resumos da matéria em formato áudio (podcasts) ou vídeo.
- Contar com o serviço de help desk .
Nota: O serviço de help desk tem como funções acolher, informar, formar e orientar. Deve responder sempre que possível em tempo real, disponibilizando para isso os seguintes recursos que permitem a interação com o utilizador:
- FAQs,
- Chat e/ou videoconferência,
- Formulários online,
- E-mail de contacto.
Oiça aqui a síntese do artigo: