A Obsolescência da Formação | fobIA
O Papel dos Professores num Mundo com Inteligência Artificial
Outubro 29, 2023
A rápida evolução da tecnologia e a crescente presença da inteligência artificial (IA) no Mundo estão a transformar profundamente o cenário educativo. Os professores enfrentam desafios sem precedentes, à medida que a tecnologia se torna uma parte integrante da sala de aula. Avanços e recuos na sua utilização em contexto educativo são normais. São estas interações, a experimentação, a avaliação e a aceitação ou a rejeição de determinadas estratégias/ recursos/ ferramentas, que caracterizam o dia a dia de um professor.
Mas vale a pena investir tantas horas de formação para alcançar a tal "transição digital"?
Não teremos já começado esta transição há muito tempo? Com o Projeto Minerva (1985), o Programa Nónio Séc. XXI (1996) e o Plano Tecnológico da Educação (2007)?
Imagem criada pela tecnologia DALL-3
Com a constante evolução da tecnologia, esta transição não tem um ponto final claro, e é por isso que é crucial adotar uma mentalidade de aprendizagem ao longo da vida. Os professores devem estar dispostos a adaptar-se a novas tecnologias, a aprimorar as suas competências e a adquirir conhecimento à medida que novas ferramentas e práticas emergem.
Qual é, então, o papel que cabe à Escola?
A Escola não pode limitar-se a transmitir informações. Deve cultivar competências fundamentais, como o pensamento crítico, a resolução de problemas, a capacidade de comunicar e ouvir o outro, a criatividade, a adaptabilidade e a capacidade de aprender ao longo da vida. Os professores desempenham um papel fundamental na orientação dos alunos neste processo de desenvolvimento de competências para navegarem com sucesso num mundo impulsionado pela IA.
Como podem os professores preparar-se para esses desafios? Fazendo formação que, passados alguns meses, estará obsoleta, pois surgirá outra ferramenta, mais rápida, mais eficaz e com mais funcionalidades? Como navegamos neste mar em constante "tempestade"?
A resposta está na aprendizagem ao longo da vida. Este conceito começou a ganhar destaque a partir de 1972, com o lançamento do relatório "Learning to Be" da Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação, presidida por Edgar Faure. Este relatório enfatizou a necessidade de promover a aprendizagem contínua e a adaptação à mudança, antecipando a importância da aprendizagem ao longo da vida. Desde então, o conceito tem-se fortalecido e é um princípio fundamental na educação contemporânea.
Os professores devem adotar uma abordagem ampla e holística. Devem desenvolver a capacidade de aprender continuamente, aprimorar as suas competências de adaptação e ensinar os alunos a fazerem o mesmo. Isso significa abraçar a mudança, manter-se atualizado e estar disposto a experimentar novas abordagens.
A aprendizagem autónoma e ao longo da vida é a chave para enfrentar os desafios de um mundo impulsionado pela IA. Ela permite que os professores e os alunos se adaptem às mudanças, encontrem soluções relevantes para as suas necessidades e permaneçam reativos num cenário em constante evolução.
O papel dos professores vai muito além da transmissão de conhecimento; eles são os guias que capacitam os alunos a tornarem-se aprendizes ao longo da vida, capazes de enfrentar qualquer desafio que o futuro lhes possa trazer.
Não podemos terminar este artigo sem relembrar a velha máxima de Einstein: “Insanidade é continuar a fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”