Um livro, uma viagem | proposta de exploração
Um homem precisa viajar, de Amyr Klink
Maio 06, 2022
O livro é muitas vezes associado à ideia de viagem.
O que pode acontecer, quando o autor exorta o leitor a deixar a viagem ficcionada e a arriscar partir "por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv"?
Esta provocação lançada por Amyr Klink é o ponto de partida para uma proposta de exploração que pode envolver as áreas disciplinares de português, filosofia, história, cidadania ou pode ser o ponto de partida para um projeto transdisciplinar que vai envolver os alunos, levando-os a questionarem-se sobre o seu lugar no mundo.
A proposta, destinada a estudantes do 3.º ciclo e do ensino secundário, está dividida em cinco etapas que se passam a descrever.
1. Visionamento do vídeo.
2. Criação de um mapa conceptual, a partir da perceção dos alunos sobre o texto ouvido.
2.1 O professor pode apresentar uma proposta de mapa e os alunos completam-no, tendo em conta as suas opiniões. Deixa-se um exemplo que poderá ser alterado/ adequado aos objetivos pretendidos.
3. Após a participação dos alunos para a criação de um mapa colaborativo (por exemplo Coogle), discutir o resultado obtido, confrontando-o com o texto escrito.
UM HOMEM PRECISA VIAJAR | Amyr Klink
Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.
Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv.
Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser.
Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti…Nunca…Em momento algum.
Estava, sim, atacado de uma voraz saudade.
De tudo e de todos, de coisas e de pessoas que há muito tempo não via.
Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.
Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias.Um homem precisa viajar, por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros e tevês, precisa viajar, por si, com os olhos e pés, para entender o que é seu …
Descobri como é bom chegar quando se tem paciência.
E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão.
É preciso, antes de mais nada, querer.
4. Procurar os opostos/ paradoxos existentes no texto. Por exemplo:
- "Pior que não terminar uma viagem é nunca partir."
- "Conhecer o frio para desfrutar o calor."
- "Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto."
- "Ser professores e doutores do que não vimos, quando devíamos ser alunos."
5. Dividir a turma em grupos. Cada grupo trabalha um destes opostos.
5.1 Cada grupo, a partir do seu paradoxo, procura situações do mundo real, através da consulta de notícias nos media, que se enquadrem na situação descrita.
5.2 A partir da pesquisa efetuada, os estudantes preparam uma apresentação (oral, escrita, podcast, vídeo...) em que, para além de mostrarem os resultados, assumem uma posição crítica face aos factos apresentados e propõem uma medida para colmatar os problemas detetados.