A Biblioteca Escolar impõe-se!
As Bibliotecas Escolares devem reinventar-se e assumir-se como centros de saber
Novembro 19, 2019
Na sequência da publicaçãos de artigos sobre a necessidade de reconfigurar e redesenhar a Biblioteca Escolar, o Biblio Tubers foi contactado no sentido de dar corpo à filosofia que defende para este espaço e que passa por responder a 4 desafios que são identificados pelos investigadores pelos 4 C:
1. Conectividade, para ligar os utilizadores ao mundo,
2. Colaboração formal e informal,
3. Criação de conhecimento, e
4. Comunidade, pois a interação entre pessoas é fundamental para a aprendizagem que é, de facto, uma atividade social.
O artigo está organizado em três partes principais. Partindo de factos sustentados em vários relatórios, procede-se ao diagnóstico da situação em que estão as Bibliotecas Escolares, para, de seguida, se apresentar o conceito que defendemos, sustentado na apresentação de propostas para (re)organização do espaço, dos recursos e dos serviços.
FACTOS
1. A sociedade está em constante mutação.
2. A Escola tem dificuldade em acompanhar esta mudança.
3. A Biblioteca Escolar é um dos espaços mais inovadores na Escola, devido aos recursos que disponibiliza e aos projetos que desenvolve.
4. A Biblioteca Escolar não acompanha as novas formas de ser, de estar, de fazer e de aprender que caracterizam os alunos de hoje.
5. Face ao ponto 1, a Biblioteca, se não se reinventar, tornar-se-á rapidamente obsoleta.
foto de Montserrat BalbuenaSeguir - State Library of Queensland
DIAGNÓSTICO
Neste item serão abordados dois aspetos, por um lado, os problemas apontados pelos profissionais - diretores, professores bibliotecários, membros das equipas e professores em geral - (ponto I.) e, por outro, a análise crítica dos planos de ação das Bibliotecas (ponto 2.). Desta forma, o diagnóstico permitirnos-á apontar pistas mais consentâneas com a realidade das bibliotecas.
1. PROBLEMAS APONTADOS PELOS RESPONSÁVEIS DAS BIBLIOTECAS
1.1 Os livros que existem na Biblioteca não são usados.
1.2 Os alunos não têm hábitos de leitura.
1.3 Os potenciais utilizadores da Biblioteca - professores, alunos, assistentes operacionais, técnicos, família - não utilizam, ou utilizam pouco o espaço e os recursos.
1.4 Os recursos informáticos são utlizados maioritariamente para fins lúdicos.
1.5 A rede wi-fi nem sempre é de livre acesso e a qualidade do sinal é intermitente.
1.6 Os computadores, de uma maneira geral, estão obsoletos.
1.7 A taxa de utilização autónoma da Biblioteca vai diminuindo de forma drástica, ao longo da escolaridade.
1.8 Algumas Bibliotecas não estão abertas a tempo inteiro.
1.9 A equipa da Biblioteca não é escolhida de acordo com o perfil mas em função da gestão de horários.
2. O PLANO DE AÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
2.1 Centrado em domínios, que se adequam às exigências da sociedade.
2.2 Balizado por um modelo de auto-avaliação que nem sempre reflete aquilo que se passa e se faz nas bibliotecas, preocupadas com questões já pouco adequadas ao que os alunos querem da Biblioteca. Se não, vejamos, a título de exemplo:
- A taxa de empréstimos é uma das grandes preocupações dos professores bibliotecários, quando sabemos que os alunos leem cada vez mais nos seus dispositivos móveis;
- A participação dos pais na vida da biblioteca é medida pelo número de atividades em que participam e não pelo meio através do qual a biblioteca chega até eles. Não esqueçamos que a tecnologia é muito eficaz na criação de comunidades.
2.3 As atividades das Bibliotecas ainda giram em torno das feiras do livro, dos encontros com escritores, da comemoração de efemérides.
2.4 A vertente digital da Biblioteca, que deve estar em todas as salas de aula e até em casa, é quase sempre esquecida ou inexistente.
O CONCEITO
O Biblio Tubers defende uma Biblioteca em que o acesso à informação seja cada vez mais digital, rápido, fácil e simples, num espaço flexível, confortável, que permita o trabalho individual, colaborativo e com o apoio de mediadores.
A Biblioteca, para se impor e tornar-se vital no espaço em que "vive", tem de favorecer:
- A inovação.
- A comunicação.
- O acesso a novas formas de pensar e de aprender.
Para a consecução desta missão, a Biblioteca deve responder aos desafios de cada utilizador, relativamente às suas necessidades de Informação, Tecnologia e Expertise. Neste sentido, deve permitir o acesso a:
1. Tecnologia nas suas várias vertentes,
2. Espaços para trabalho de grupo,
3. Coleções online e media digital,
4. Especialistas.
Impõe-se uma Biblioteca que "ocupe" a Escola, que saia das 4 paredes, física e virtualmente. A Biblioteca está onde está o utilizador. A escola deve ser ocupada por micro bibliotecas móveis, colocadas nos locais onde circulam potenciais leitores. Simultaneamente, podem ser disponibilizados, nestes espaços, outros recursos, como um computador para "gaming", outro para fazer requisições, consultar a web, fazer downloads, imprimir documentos...
O ESPAÇO
Multifuncional e diversificado, deve ser sempre concebido à luz da comunidade que vai servir, pelo que as propostas que deixamos deverão ser avaliadas e adequadas a cada contexto. Pode incluír:
- Zona de trabalho de grupo
- Zona de trabalho individual / estudo
- Zona de tutoria
- Sala de trabalho de grupo / preparação de apresentações
- Estúdio áudio / visual para criação/ edição de vídeo digital
- Sala de trabalho colaborativo online
- Zona de exposições (que pode ficar fora da Biblioteca)
OS SERVIÇOS
As sugestões que deixamos ilustram possibilidades e não são vinculativas, pelo que se sugere a auscultação da comunidade educativa para identificação dos serviços a prestar.
- Solicitar apoio com especialista
- Ter acesso a sessões de literacia presenciais ou online
- Reservar salas para trabalho de grupo
- Requisitar micro aulas temáticas
- Requisitar portáteis, tablets, câmaras, colunas, headphones, microfone, tripés...
- Ter acesso a recursos abertos
- Ter acesso a um repositório com resumos da matéria em formato áudio (podcasts)
- Contar com o serviço de help desk
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