O Ensino Híbrido nos Planos de Desenvolvimento Digital das Escolas
A escola híbrida como oportunidade para transformar a educação, de Juan Ignacio Pozo
Janeiro 24, 2021
Apesar de todas as limitações, constrangimentos e desigualdades que o Ensino a Distância (E@D) criou nas nossas escolas, não podemos deixar de afirmar que promoveu práticas inovadoras e mostrou o potencial do espaço digital na educação.
O momento que vivemos atualmente em Portugal, confinados devido a uma pandemia que teima em não nos deixar, e no início de um ambicioso Plano de Transição Digital (PTD) da educação, cria as sinergias para refletirmos atempadamente sobre a necessidade de integrar o ensino híbrido nos Planos de Desenvolvimento Digital (PADD) que as escolas terão de elaborar até ao final do ano letivo.
Relembramos, a este propósito, os artigos que o Biblio Tubers já publicou e que poderão contribuir para uma discussão profícua em torno deste tema.
- Ideias para um modelo híbrido de ensino
- De que se fala quando se fala de Ensino Híbrido?
- Ensinar e aprender online | estratégia digital
- Planificar aulas híbridas
- Conselhos telegráficos para os professores
Para voltarmos ao assunto, trazemos hoje um artigo notável, da revista diàlegs (nov. de 2020), da autoria de Jan Ignacio Pozo.
O autor começa por apontar as fragilidades que foram reveladas com o E@D, nomeadamente formas obsoletas, de ensinar e avaliar, o que aponta para a urgência de habilitar os cidadãos, de uma forma geral, para uma sociedade digital, e os professores para uma mudança de práticas.
O autor refere que estas práticas pedagógicas, mesmo em espaços virtuais, continuam a ser unidirecionais:
- Os professores transmitem informação,
- Os alunos respondem a fichas e tarefas para serem avaliados.
Ou seja, foram escassos os espaços de interação e colaboração que os ambientes digitais podem e devem promover, pois "a escola confinada perpetuou os modelos de ensino tradicional em que os docentes geriam todo o fluxo de informação em vez de ajudar os alunos a gerir melhor a sua interação com as tecnologias digitais".
O autor alerta para a necessidade de alterar estas práticas enraízadas, incorporando a cultura digital na escola, pois não podemos fechá-la a a uma realidade que já faz parte da sociedade. Para isto, é necessário "transformar a cultura escolar, pensar em novas formas de ensinar e aprender, em novos projetos educativos, mais abertos e fluídos."
O ensino híbrido - em que se mescla o presencial e o virtual - pode incorporar os PADD, abraçando a tão necessária cultura digital, "não só como uma tecnologia, mas sobretudo como uma forma de nos relacionarmos com os outros e com o conhecimento".
O artigo termina com 10 ideias para renovar as formas de ensinar e aprender numa educação híbrida ou mista.
MAIS...
- ...atividade cooperativa ou colaborativa, baseada no diálogo supervisionado entre iguais.
- ... responsabilidade e autonomia para os estudantes.
- ... aprendizagem experiencial.
- ... estudo em profundidade de um menor número de temas.
- ... atenção às necessidades cognitivas, afetivas e sociais de cada estudante.
MENOS...
- ... passividade dos alunos, limitados a escutar e a receber informação quietos e sentados.
- ... currículos sobrecarregados de conteúdos que tentam abarcar todos os temas.
- ... enfâse na competição para a classificação.
- ... memorização de factos ou detalhes.
- ... instrução para toda a turma centrada na docência.
O Biblio Tubers deixa uma última recomendação a este propósito.
As escolas devem ousar mudar e propor mudanças de fundo, em que os docentes se sintam envolvidos e as boas práticas na área do digital sejam o ponto de partida para uma disseminação que se quer participada. Os PADD devem ser elaborados com ponderação e muita reflexão participada, para que sejam verdadeiros planos de ação que guiam os professores, mostrando para onde ir, mas também como o fazer com segurança, em rede. Claro!
Se preferir, oiça o podcast: