Conselhos telegráficos para os professores
Para refletir e aplicar na atividade letiva
Agosto 29, 2020
Ao longo dos últimos posts, o Biblio Tubers tem refletido sobre os conselhos dos especialistas na área da educação e o resultado de alguns estudos que são unânimes em apontar três aspetos que se destacam:
1. A autonomia e a capacidade de aprender a aprender e ao longo da vida são as competências chave para qualquer cidadão.
2. Os estudantes exigem um sistema educativo em que a conetividade e a aprendizagem digital, associadas ao desenvolvimento de soft skills (comunicação, pensamento crítico, resiliência), são primordiais.
3. A inovação em educação é premente e, desejavelmente, poderá passar pela criação de novos ambientes educativos, em que o aluno tem uma participação ativa na sua aprendizagem e em que a tecnologia é o meio que facilita o trabalho dos docentes e a aprendizagem dos alunos.
Neste início de ano letivo que está à porta, as dúvidas são muitas, fruto do Covid-19.
Existem, contudo, algumas certezas que podem contribuir para a melhoria do processo educativo e que são aqui apresentadas em cinco conselhos telegráficos.
1. O aluno só aprende fazendo. Desafie-o.
Os conteúdos programáticos devem ser "descobertos" pelos alunos, através da utilização de metodologias ativas que os levem a descobrir, a questionar, a aplicar e a comunicar/partilhar. A metodologia de trabalho de projeto ou a sala de aula invertida são bons exemplos destas práticas.
Se quiser saber mais:
- Cenários de aprendizagem inovadores | o aluno no centro da aprendizagem
- Repensar o futuro da educação: o que pensam os jovens?
2. O trabalho colaborativo entre professores deve ser a regra. Colabore.
Ao invés de cumprir horas "obrigatórias" de trabalho colaborativo, os docentes devem trabalhar em equipa, procurando criar oportunidades de aprendizagem verdadeiramente transdisciplinares e inovadoras.
O início do ano letivo é fundamental para a implementação de novas práticas de trabalho colaborativo, sobretudo ao nível de conselhos de turma em que os docentes devem planificar projetos que, por um lado, respondem às necessidade de cada turma e, por outro, fomentam aprendizagens disciplinares, mas sobretudo o desenvolvimento de mutiliteracias.
A regra é fazer menos e com mais qualidade. As grelhas e planos que copiam competências e aprendizagens essenciais servem de pouco se não tiverem aplicação prática. Simplificar e trabalhar com o outro dá-nos segurança e promove a mudança de práticas, que tanto urge.
Se quiser saber mais:
3. Avaliar para melhorar práticas e aprendizagens. Não complique.
Os critérios de avaliação em vigor nas escolas devem ser apropriados pelos docentes para que sirvam o propósito último que é a melhoria das aprendizagens dos alunos. Nesse sentido, as palavras de ordem são simplificar e diversificar.
Simplificar para que os alunos percebam o que se pretende que aprendam. A regra é sempre a de discutir os critérios de avaliação com os alunos. Crie rubricas de avaliação simples, funcionais e, sobretudo, exequíveis.
Diversificar no tempo, no modo e na forma de "fazer avaliação". Deixe para trás a ideia de que tem de avaliar tudo o que todos os alunos fazem. Procure recolher evidências daquilo que aprendem. Ouse estimulá-los, levá-los a mostrar o que aprenderam e como o fizeram. Em qualquer dos casos, o seu feedback é fundamental.
Se quiser saber mais:
- Avaliação | Novas perspetivas
- e-Portefólios | Parte III - Monitorização e feedback: avaliar para aprender
4. O digital veio para ficar. Tire partido dele.
Os professores portugueses foram, no passado próximo, obrigados a usar plataformas de LMS e recursos/ferramentas digitais. Todo esse know-how deve ser rentabilizado para diversificar estratégias, recursos e até formas de avaliar.
O professor deve ousar misturar o ensino online e o presencial, criando momentos de trabalho diversificado em que diferentes alunos realizam percursos pedagógicos distintos. Por exemplo, alguns alunos trabalham online (ainda que na sala de aula) e outros em grupo ou individualmente com o apoio do professor.
Os cenários com recurso a um modelo híbrido são quase infinitos e permitem adequar as tarefas aos alunos e ao que cada um deve aprender.
Se quiser saber mais:
5. Os Recursos Educativos Abertos (REA) são de todos. Use-os.
Como se costuma dizer "a roda já foi inventada." Não perca tempo a criar recursos do zero, pois certamente já existem alguns que pode transformar e adequar às suas necessidades.
Integre redes de aprendizagem onde, para além de poder usar os recursos existentes, pode partilhar também os seus.
Se quiser saber mais:
- Tendências para 2020 | repositórios de recursos educativos abertos (REA)
- Copiar, reutilizar, misturar e partilhar recursos educativos