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Biblio Tubers

Pensamos a escola como sistema aberto, capaz de refletir a sociedade e de responder aos desafios contemporâneos. Acreditamos no poder da partilha e das redes.

Biblio Tubers

Pensamos a escola como sistema aberto, capaz de refletir a sociedade e de responder aos desafios contemporâneos. Acreditamos no poder da partilha e das redes.

Aprender nos Media | Uma proposta de investigação/ação e escrita

Investigar para Intervir

Novembro 03, 2019

Os Media constituem-se, cada vez mais, como poderosos recursos para levar os alunos a questionarem-se sobre o mundo em que vivem.

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Esta proposta do Biblio Tubers convida os jovens a validar a informação que leem e que ouvem, no sentido de fomentar o espírito crítico, tendo por base os factos que eles próprios vão investigar.

Os temas de investigação decorrem de uma crónica intitulada "Faz de conta", onde é feita uma crítica, de forma irreverente e pouco comum, a acontecimentos que povoam cada vez mais o nosso dia-a-dia.

Oiça o podcast para conhecer a proposta de exploração desta crónica e para completar a informação do nosso infográfico.

 

Pode também ler a crónica aqui:

Faz de conta... Portugal no reino do faz de conta

Numa tarde cinzenta, descíamos a Avenida da Liberdade, quando reparámos que as lojas das marcas de referência estavam cheias de estrangeiros. Comentámos que a classe média portuguesa jamais poderia ser cliente destas lojas, pois um par de sapatos, uma mala, qualquer coisa, custa, facilmente, mais do que o nosso ordenado mínimo. 

Lembrámo-nos dos políticos, da política e, naturalmente, chegámos ao "faz de conta".

Caro leitor, lembra-se das brincadeiras do "faz de conta" de quando era criança?

Tomados pela nostalgia e com uma vontade imensa de irmos gastar o dinheiro que não temos, mesmo recorrendo aos cartões de crédito, vimos logo que só fazendo de conta lá chegaríamos. E, numa de fazer de conta, extrapolámos o faz de conta para este nosso Portugal.

Quer entrar na brincadeira, amigo leitor?

Faz de conta que somos todos iguais! Que, independentemente do partido, da conta bancária, dos amigos, da Família, ou do cargo que desempenhamos, somos todos tratados da mesma forma, seja onde for.

Faz de conta que nos estamos a aproximar dos outros países europeus! Que temos a mesma produtividade, as mesmas reformas, a mesma carga fiscal, o mesmo nível de rendimentos, o acesso tendencialmente gratuito à educação, mesmo no ensino superior.

Faz de conta que nos indignamos e revoltamos sempre que nos mentem, que nos limitam os direitos, que nos fazem promessas que nunca pensaram cumprir.

Faz de conta que temos um bom Serviço Nacional de Saúde! Que em qualquer ponto do país somos atendidos com rapidez e dignidade por profissionais motivados.

Faz de conta que queremos formar os nossos alunos para a cidadania e para o sentido crítico! Que não queremos jovens amorfos, apolíticos e indiferentes.

Faz de conta que a carga horária dos trabalhadores favorece a produtividade! Que quanto maior for a carga horária, maior será a produtividade.

Faz de conta que não estamos a desertificar o interior! Que criamos as condições ao nível dos serviços públicos, saúde, educação, justiça, transportes, de forma a que os portugueses do interior tenham as mesmas condições dos das grandes cidades.

Faz de conta que temos gente impoluta em todos os níveis da administração pública. Que o menor resquício de corrupção é, imediatamente, investigado e severamente punidos os prevaricadores.

Faz de conta que tratamos do ambiente e dos cidadãos. Que não existem casos flagrantes de empresas poluidoras, grandes ou pequenas, que são impedidas de laborar até que as condições de saúde pública sejam restabelecidas.

Faz de conta que todos os profissionais têm o respeito que qualquer cidadão merece. Que os médicos, os professores, os enfermeiros, os motoristas, os assistentes operacionais nas escolas, em suma, todas as classes profissionais têm condições de trabalho dignas e o reconhecimento da sociedade e, sobretudo, do poder político.

Faz de conta que a criminalidade ligeira em Portugal é ínfima. Que a taxa de incidentes tem vindo a diminuir.

Faz de conta que é normal que as empresas que ganham concursos tenham a sede em organismos municipais que, por coincidência, são do partido do governo. Que tudo está bem no poder central e municipal e que o mérito se sobrepõe sempre à lealdade.

PS. Se fôssemos todos crianças a brincar ao faz de conta, estaria tudo bem... mas, caro leitor, infelizmente, não é o caso... e, se não, faça o exercício inverso ao que fizemos nesta crónica, e, em vez de um faz de conta, faça o fact-checking, ou, brinque ao polígrafo. 

Divirta-se, caro leitor.

Referência: Faz de conta.... (2019). Fonixlab.com. Retrieved 3 November 2019, from https://fonixlab.com/faz-de-conta-10231

 

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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

A menina dos livros

Possíveis abordagens ao livro e à leitura

Outubro 19, 2019

A leitura em voz alta é quase sempre catalisadora do interesse e da atenção de qualquer ouvinte, seja adulto ou criança. Se associarmos, à voz, a imagem, acrescentaremos sentidos. Agora, imagine que cada leitor pode interagir com o livro - dito, visto, sentido - ao seu ritmo, podendo voltar vezes sem conta àquela imagem ou àquele excerto do texto...

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Esta proposta, tão simples de se pôr em prática, fomenta o gosto pela leitura e pelo livro e promove novas formas de intaragir com o mundo e com o outro.

Aqui fica uma dessas abordagens, proposta pelo Biblio Tubers, que, para além da leitura multimodal do livro, A menina dos livros, de Oliver Jeffers e Sam Winston, deixa alguns desafios para os pais e educadores e para os alunos.

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Aprender nos Media | Uma proposta para a área da cidadania e do português

Outubro 05, 2019

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O Biblio Tubers inicia com este post uma área dedicada à utilização de recursos improváveis em contexto educativo com um artigo de Henrique Pinto de Mesquita, intitulado "Perdeu-se o gosto pelo belo?".

Oiça o podcast para conhecer a proposta de exploração desta crónica e para completar a informação do nosso infográfico.

Pode também ler o artigo aqui:

Perdeu-se o gosto pelo belo?

Falta-nos cultura. A maior parte de nós é inculto e não procura colmatar isso. Na maioria dos casos não tem a ver com provir de certo estrato social, antes pela nossa preguiça e vício pelo prazer raso

Nasci em 1997. Faço parte do que se adora encapsular como “juventude portuguesa”. Inexoravelmente faço parte dela, pois os censos – esse tentáculo Jeová do Estado – também chegaram lá a casa. Na teoria, sou outro desses jovens millennials que faz parte da “geração mais informada de sempre” (vómitos). Considerando esta minha natureza cronológica, certo é que hei de ter opinião sobre absolutamente tudo. Sou muitíssimo bem preparado pela minha universidade (gargalhada). Sou avesso à política, mas procuro imenso mudar isso (através de mais horas de scroll no Instagram). Adoro música (que não convém ter mais de 4 sílabas por verso).

Perdoem-me meus queridos contemporâneos geracionais, mas não sou o descrito. Nasci deficiente. Tenho défice de amor por vós. Em contrapartida, a vergonha abunda. Desculpem lá a maçada – a esta altura já devem estar cansados por terem lido 10 linhas –, mas tenho uma certa desconsideração pela maior parte de vós. Quão triste é um miúdo de 22 anos não achar que está na crista na onda e ter absoluta aversão à sua geração? Algo. Convém explicar o porquê.

Falta-nos cultura. A maior parte de nós é inculto e não procura colmatar isso. Na maior parte dos casos não tem a ver com a questão de provir de determinado estrato social e, por isso, não ter acesso à cultura. Justifica-se pela nossa preguiça e vício pelo prazer raso. Tudo deve ser rápido, prático e efemeramente sumarento – McPleasure. Notem que há uma enorme alienação da procura pelo belo. Ninguém tem paciência. Ninguém tem 30 segundos para interpretar um quadro. Não há 8 minutos para docemente dissecar uma música. Não há tempo para ler um livro porque – vejam lá – são demasiadas páginas… é ao contrário caramba!

Os que estão a sentir o carapuço a aquecer (que desde já agradeço o árduo esforço de chegarem a esta parte da crónica) amparam-se a si mesmos, convencendo-se que isso se deve à sua falta de tempo. Não é verdade. Há tempo. Todavia, esse tempo é infrutuosamente gasto a ver e a fazer coisas vazias e estéreis. O que nos preenche ouvir uma música que apenas faz apologia a dinheiro e carros?  O que nos interessa saber se uma Kardashian foi fazer compras à Galleria Vittorio Emanuele? Então malta, essa carola não dá para mais? Não me perdoem, mas se se sentem visados nestes exemplos, temo em informar que são exatamente vocês a quem me refiro quando digo que estão a estragar a imagem da nossa geração. É por vocês que tenho défice de amor e vergonha pronta a exportar. (Não que não vos ame, mas amo-vos poucochinho).

Não quero, com isto, parecer o mais rigoroso pseudo intelectual que defende que devemos passar as nossas manhãs em Serralves, as tardes na Biblioteca Nacional e as noites em concertos de Ópera (se bem que até parece um dia giro). Com certeza que não. Façam o que vos apetecer e vos saiba bem. Ver coisas extremamente estúpidas na internet é das coisas que me dá mais prazer. Tenham, contudo, consciência. Saibam distinguir o que “sabe bem porque é bom e denso” do que “sabe bem porque me distrai”. Nem tudo deve ser pesado: nem erudições em excesso nem esterilidades a gastar – equilíbrio, em tudo, sempre.

 

Porque não exploram o vosso espaço contemplativo ao invés de correrem atrás dos prazeres como cães atrás de um osso? Uma vez que o conseguem, deixam-no cair porque já não satisfaz. E vão em busca de outro. Isto em loop. Uma vida inteira.

Queridos parceiros cronológicos, parem de me envergonhar perante os censos e comportem-se como humanos. O que interessa ouvir uma música cuja única referência é o sexo? Já todos sabemos o que é o sexo, mas conhecemos as histórias de amor cantadas pelo Vinícius e o Jobim? Não. E isso é o que se leva de termos nascido na condição humana. É o sentimento, a paixão, o cordel que se vai delicadamente desenrolando. A beleza está aí: no ato de desenrolar vagarosamente e tirar prazer disso. Sentir a vida em mais um gole na cerveja lamuriosa. O que poderá interessar o novelo já desenrolado se é irremediavelmente igual? Dois mais dois serão sempre quatro. Não estarão fartos do prazer atrás do prazer em busca do prazer que se encontra num novo prazer? Serão ratos num labirinto?

Respirem. Iluminem-se. Dêem-se ao luxo de observar, pensar, ler. De sentir as entranhas gélidas a ouvir outra canção de amor. Contemplem. É para isso que cá estão, de outra forma teriam nascido cães.

Experimentem. Verão que este prazer não é estéril e aguentará mais do que os quinze minutos do costume.

 

Referência: Mesquita, H. (2019). Perdeu-se o gosto pelo belo? – ObservadorObservador.pt. Retrieved 5 October 2019, from https://observador.pt/opiniao/perdeu-se-o-gosto-pelo-belo/

 

 

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